A Bélgica é, nos últimos dias, o grande campo de batalha da guerra mundial que opõe as maiores desenvolvedoras internacionais de videogames e os governos. Este pequeno país europeu já está habituado a acolher batalhas de guerras mundiais; aqui aconteceu a última batalha de Napoleão Bonaparte e algumas dos combates mais mortíferos da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais. Entretanto, a luta agora é na internet e nos tribunais.
Blizzard recua
A Blizzard, desenvolvedora de Overwatch e Heroes of the Storm, anunciou no final de agosto que estaria retirando suas loot boxes “belgas” desses dois jogos. Lamentando sua ação, a desenvolvedora afirmou que estava agindo contra vontade e apenas obedecendo às autoridades, embora discordando de sua interpretação da lei.
2K contra-ataca
A 2K, desenvolvedora de NBA, está também contra a determinação da Comissão de Gaming da Bélgica e publicou um comunicado em seu site explicando que vai continuar debatendo com esta autoridade os motivos pelos quais considera que suas loot boxes estão dentro do que a lei permite. A 2K foi mais longe e fez algo inédito: convocou seus usuários para “contatar seu governo local” e fazerem pressão em favor das loot boxes.
Recorde o motivo da polêmica
As desenvolvedoras apostaram numa forma de monetização de seus jogos que a opinião pública vem comparando a um jogo de cassino: as loot boxes. Seu funcionamento é diferente dependendo do jogo, mas o foco central é quando os usuários fazem um pequeno pagamento (a microtransação) pela oportunidade de poderem conseguir um bom prêmio (pode ser um item personalizável, uma nova arma).
Não se trata de uma compra, mas sim de uma aposta: a possibilidade de o jogador conseguir um prêmio é definida por uma “odd” definida pela desenvolvedora, tal como acontece numa máquina caça-níquel. A diferença é que, ao contrário do que acontece no cassinosbrazil.com.br onde os usuários são maiores de idade e sabem o que estão fazendo, o principal públicos dos videojogos é composto por jovens.
Em vários países surgiram queixas de que os jovens estavam gastando demasiado dinheiro, e em muitos casos para nada. Daqui às reclamações por maior controle, foi um pequeno passo.
Guerra mundial com outros cenários de combate
Na Alemanha e na França as decisões dos legisladores não foram tão severas como na Bélgica, mas os reguladores já mostraram que estão atentos. Tal como aconteceu nos Estados Unidos, onde o sindicato das desenvolvedoras mostrou muita contenção quando recebeu um inquérito de uma senadora questionando suas práticas.
Da Austrália virá a próxima e mais séria ameaça à iniciativa das desenvolvedoras. Jordon Steele-John, um joggador de 23 anos, é também o mais jovem senador do país. Ele aponta seus colegas do senado (em sua maior parte com idade para serem seus pais, como é habitual na política em todos os países do mundo) como estando “no tempo do Pacman” quando o tema é videogames. Steele-John foi o principal promotor de um inquérito feito pelo Senado ao comportamento da indústria, cujos resultados poderão resultar em proibições semelhantes à da Bélgica.
A guerra das “loot boxes” estará para continuar.