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O Gambito da Rainha (Queen’s Gambit) – Análise

Baseada no romance homônimo de Water Tevis “O Gambito da Rainha” segue na lista dos top 10 do Netflix Brasil, desde o seu lançamento a duas semanas atrás. Segundo a revista “exame.” as pesquisas sobre xadrez, cresceram em 300% após o lançamento da série.  Toda essa popularidade pode nos trazer o questionamento: Como uma série sobre Xadrez, esporte pouquíssimo popular no Brasil, pode estar atraindo tanta atenção?

A resposta esteja, talvez, no fato de que a série trata de temas que vão muito além do xadrez, de maneira sutil e inesperada.

Longe dos clichês tradicionais, a série trata de muitos assuntos, considerados tabus, como a adoção, a depressão, o vício e a solidão.

Em apenas 7 episódios, conta-se a trajetória conflituosa de Elizabeth Harmon, vivida por Anya Taylor-Joy,  uma menina rejeitada pelo pai, deixada em um orfanato após um suspeito acidente de carro que deu fim a vida de sua mãe.

A vida no orfanato era dura, e solitária. Fugindo dos clichês dos maus-tratos dos funcionários maquiavélicos, neste o que maltratava era a realidade do abandono. As crianças deste lar eram também obrigadas a ingerir medicamentos tranquilizantes. Dia após dia, as crianças se colocavam em fila para receber uma droga que ao mesmo tempo que os viciava, também é “aliviava” da triste realidade.

Imagem: Divulgação

O segundo escape de realidade encontrado por Harmon, naquele lar foi o Xadrez. Ao ver o zelador do orfanato jogando sozinho, a pequena Beth, de apenas 9 anos, se encanta pelo jogo e é a partir desse momento que sua genialidade nos é apresentada, na medida em que ela aprende as regras do jogo a partir de breves observações. O zelador será então seu primeiro mestre, os outros serão os livros, dos quais ela nunca mais se separa.

A mente de Harmon oscila a todo instante entre seu vício e sua genialidade, misturando-se constantemente. Talvez porque as pílulas e o xadrez tenham sido sua válvula de escape naquele sombrio orfanato, ela mesma não sabia dizer se uma de suas obsessões poderia existir sem a outra.

Aos 15 anos, a garota é adotada, mas seus problemas estão longe de acabar e ela passa a lidar com a depressão e o alcoolismo da mãe adotiva e com um segundo abandono paterno.

Contudo, sua mãe percebe seu talento extraordinário para o xadrez e passa a acompanhá-la em uma jornada de competições por todo país.

Imagem: Divulgação

Apesar de se passar entre as décadas de 50 e 60 a série também traz reflexões importantes acerca do feminismo, através da ascensão de Elizabeth Harmon, em competições majoritariamente masculinas.

Existe espaço ainda para expor feridas sobre do racismo, sofrido pela personagem Jolene, vivida por Moses Ingram, a única amiga de Harmon no orfanato, além do zelador.

Com uma belíssima fotografia a minissérie teve grande parte de suas cenas gravas em Berlim, na Alemanha. As cenas das viagens para participar do campeonato são filmadas em cenários amplos e claros, contrastando sempre com as cenas do cotidianos que são escuras e frias.

Outro aspecto que chama muita atenção é a caracterização da personagem, com figurinos que oscilam da impessoalidade das roupas da criança do orfanato à vestidos cheios  de elegância e estilo da mulher belíssima em que Harmon se transforma.

Talvez seja essa a receita de sucesso de “O Gambito da rainha”, apesar de ser uma ficção a série consegue promover reflexões acerca de temas tão importantes e tão debatidos pela sociedade atualmente, tudo isso perpassado por uma história de superação de adversidades e incessante busca pela vitória.

Nossa conclusão é que vale super a pena reservar um tempinho para curtir essa minissérie envolvente e vale ainda mais ampliar suas pesquisas sobres os assuntos importantes que ela aborda!

Débora Rosa

Mineira de nascimento, baiana de coração. Historiadora e professora. Estudante das causas feminista e antirracista. Um ser humano em constante desconstrução social , na tentativa de constituir um ser em equidade com os valores nos quais acredito. E é claro, uma Nerd raiz.

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Débora Rosa

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