Imagine se em algum momento alguém tivesse uma brilhante ideia de misturar Contra, Metal Slug e Wild Guns em um único game. Pode parecer uma mistura um tanto inusitada, mas na dosagem certa e com os elementos que fazem cada um destes games ser desafiador e divertido, nasce Neon Inferno, que chega oficialmente para PC em 20 de novembro e tivemos acesso antecipado!
À primeira vista, ele pode parecer um game bastante genérico, ou até mesmo sem nada de novo a oferecer. Mas foi jogando que eu vi um potencial imenso para os jogos no melhor estilo Run n’ Gun e que infelizmente vemos pouco. Bom, mas o que torna Neon Inferno um jogo digno de sua atenção? Pegue sua arma, mas deixe seu cannoli e vem comigo nessa jornada pela Máfia do futuro distópico de Neon Inferno.
Ao contrário do que se pode esperar de uma obra cyberpunk, Neon Inferno tem uma premissa até que bem simples, o que não é demérito algum. Aqui, podemos jogar com dois personagens distintos: Angelo Morano – um rapaz com um visual que lembra muito uma mistura de Jim Kazama de Tekken com Dante de Devil May Cry – e Mariana Vitti, uma bela moça pronta para atirar em quem estiver em seu caminho.
Ambos os personagens fazem parte d’A Família, uma evolução da máfia italiana e que está lutando pelo controle da cidade de Nova York no ano de 2054. A Família tem como seus principais rivais a Yakuza e a polícia de Nova York, que aqui assume um papel parecido com a polícia vista em Robocop, usando de alta tecnologia não para “servir e proteger”, mas para comandar e gerir a cidade.
No papel de um integrante d’A Família, você terá alvos específicos em fases temáticas – Imagem: Reprodução.
Neon Inferno não é um jogo ambicioso em sua história, e talvez seja um dos principais pecados que ele comete aqui. Todo o visual do game, suas referências e seus personagens pedem por mais profundidade. Mas o game prefere abandonar aquele estereótipo de um jogo ancorado no cyberpunk, em que as grandes corporações capitalistas dominaram o mundo e hoje vivemos numa realidade completamente privatizada e privada de muitas coisas, para abraçar uma história “café com leite” sobre máfia e organizações criminosas.
Não me entenda mal. Eu acho que para o que o jogo se propõe, essa postura não é demérito, mas ficou devendo algo mais, uma mensagem mais impactante, ou até mesmo uma reviravolta mais impactante. Porém, apesar de fazer sombra numa premissa bem fraca, é na gameplay que ele de fato brilha como as luzes de neon na noite da cidade.
Escolhido nosso personagem, temos então os primeiros passos rumo a nossa aventura. Podemos correr, atirar em quatro direções no plano frontal, abaixar, andar abaixado, desviar e rebater projéteis, além de uma visão à frente ou para o fundo do cenário. Isso porque o jogo bebe muito da fonte de Wild Guns, um clássico do Super Nintendo e que ficou marcado por ter esse tipo de gameplay, com personagens posicionados num ponto do cenário e inimigos ao fundo.
O jogo se resume a um plataforma de ação 2D com vários trechos que forçarão o jogador a aprender como dominar a gameplay. Sobretudo em dificuldades mais elevadas. Eu zerei o game em duas dificuldades: normal e difícil, até mesmo para entender suas mudanças. Fiz questão de zerar a primeira vez na dificuldade normal com Angelo, e a segunda vez, no difícil, com Mariana, e fiquei um pouco frustrado em saber que ambos os personagens jogam exatamente igual.
O jogo conta com três modos de tiro: no plano central, à frente da tela e ao fundo. Dominar isso é parte do gameplay. – Imagem: Reprodução.
Normalmente, esse tipo de game traz alguma característica única para seus personagens. Um exemplo? Huntdown. É um jogo que possui uma gameplay bem parecida, uma temática também bem similar a Neon Inferno, e cada personagem possui uma habilidade única que faz com que o jogo jogue diferente. Aqui, não. Ambos os personagens funcionam da mesma forma, com as mesmas características e meio que tanto faz, se você aprendeu o game, é irrelevante com quem irá jogar.
O game possui uma mecânica interessante de Bullet Time: quando os inimigos disparam tiros verdes, você poderá rebatê-los imediatamente para que eles causem dano, ou ao manter o botão de rebote pressionado, é ativado o modo Bullet Time, em que você pode desviar os projéteis para onde quiser.
Usar isso causa mais dano em inimigos mais fortes que você enfrenta, e você pode usar para rebater tanto em inimigos em primeiro plano na tela, como em segundo plano, ao fundo do cenário. Dominar isso, é evitar que você perca muito tempo em chefes ou inimigos mais fortes durante as fases.
O jogo também permite que, ao entrar em uma zona que esteja rolando um conflito entre facções, você pode se unir a que está no mesmo plano para eliminar inimigos ao fundo de maneira mais rápida. Isso se torna muito útil principalmente se você estiver jogando ele em dificuldades mais altas, em que o número de inimigos é maior, consequentemente a quantidade de projéteis é maior.
Uma das coisas que eu mais gostei de Neon Inferno, sem sombra de dúvidas, foi a sua estética em pixel art. Eu acho que, se você me acompanha seja por aqui, seja nas redes sociais, você deve saber que pixel art é o meu estilo favorito quando o assunto é visual de games.
E a pixel art desse game é incrivelmente bem-feita, super detalhada, com iluminação dinâmica e um nível de detalhamento nos cenários que seria impossível de emulá-lo em um console retrô, mas que usa dessa estética justamente para conversar com a nostalgia de uma audiência que também cresceu jogando Wild Guns, Contra e Metal Slug – este último, sempre teve um primor em sua pixel art.
Além disso, a trilha sonora é outro destaque aqui. As músicas vão de um synthwave típico de jogos com uma pegada cyberpunk, até um metal frenético, cheio de acordes que faria o Kiko Loureiro orgulhoso de quem compôs essas músicas – esse trecho aqui é altamente METAL REFERENCE.
Os efeitos de explosões, sons ambientes e ruídos dos robôs e máquinas que você enfrenta na sua breve jornada também casam muito bem com toda a estética e, se você joga de fones de ouvido, com certeza terá uma ótima experiência.
Felizmente, Neon Inferno é aquele tipo de game tão leve que ele pede uma configuração de PC bem modesta para que você possa aproveitar o jogo. A minha configuração atual, um i5 9400F, 32GB de RAM DDR4 3200 MHz, RTX 2070 8GB e um SSD M.2 de 512GB foram mais que suficientes para fazer esse game rodar sem qualquer engasgo, gargalo ou stuttering como os recentes jogos que analisei apresentaram.
Apesar de curto, Neon Inferno traz uma variedade interessante de cenários localizados nessa Nova York futurista – Imagem: Reprodução.
Claro que ele pede configurações bem abaixo disso, mas digo que até mesmo com uma configuração mais “modesta” para quem usa o PC para jogos, você será capaz de aproveitar Neon Inferno.
Sobre problemas, eu só notei que o jogo apresenta alguns bugs como alguns registros de hitbox alternado, ou seja: em certas partidas, o meu personagem atirava no inimigo, e o tiro não era contabilizado. Porém isso mudava de partida para partida. Mas acredito que isso seja corrigido em patchs futuros.
Neon Inferno foi uma grata surpresa. Ele foi de um jogo que eu não esperava muita coisa para um jogo interessante e uma boa pedida para quem procura um jogo que honra suas referências. Eu levei cerca de 2h para terminá-lo no modo normal, e umas 4h para concluí-lo no modo difícil.
Se você busca uma experiência mais enxuta, mas que vai te entregar diversão – diversão essa que também pode ser jogada em dupla, com cada um assumindo um personagem – então Neon Inferno é o jogo certo para você.
Apesar de uma história bem fraca, o jogo entrega um bom gameplay, uma trilha sonora boa, gráficos lindíssimos e o melhor de tudo: para o jogador que tem pouco tempo para jogar, cuja as principais luzes que enxerga são as luzes dos outdoors ao sair do trabalho, o jogo é uma ótima pedida e vale o seu tempo.
Esta cópia de Neon Inferno foi gentilmente cedida pela Zenovia para a produção desta análise.
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