Quando pensamos em uma fórmula de literatura fantástica, logo nos vêm a cabeça títulos como “O Senhor dos Anéis”, “As Crônicas de Gelo e Fogo” e até mesmo “Harry Potter”, de consagrados escritores estrangeiros.
Mas, de uns anos para cá, o Brasil tem sido o celeiro de um grande número de autores do gênero, que tem em sua bagagem essas inspirações, para nos apresentar um material sólido e bem próximo, em qualidade, de suas fontes de inspirações.
“Sobre Deuses e Seres Rastejantes”, do escritor Piaza Merighi, é um desses exemplos de uma boa literatura fantástica. Não somente disso, é perceptível que o autor também buscou trazer para sua obra, alguns elementos de fantasia de outras mídias, como Warcraft e até alguns games, dada a sua estrutura narrativa de colocar personagens distintos se unindo em prol de um bem maior.
A história se passa na terra de Aldaman, habitada por tribos de humanos e seres bestiais, como é o caso do nosso protagonista, o minotauro Gundrun.
Gundrun é aquele tipo de personagem hostilizado por sua tribo por ser diferente dos demais, além de lidar com algo extremamente repudiado por ela: a bruxaria.
Mas, com a chegada de notícias de um grande mal que assolará seu mundo, ele decide partir em busca de alianças para conter esse mal.
Não é muito difícil nos depararmos com uma estrutura de heróis distintos, cada um com sua história particular, tentando de alguma forma, provar para si e para os demais do seu círculo social que a união de tais forças é capaz de gerar resultados inimagináveis, além de provar o seu valor particular, e que nenhuma forma de descriminação ou preconceito é motivo para que o personagem seja unidimensional, apenas lamentando-se de nascer assim.
Aqui, o autor traz essa diversidade, criando situações bastante únicas e interessantes, além é claro, de explorar um recurso muito utilizado em obras inspiradas em RPG e literatura fantástica: a diversidade de raças.
Sobre essa construção, vale ressaltar que, apesar de Gundrun ser nosso personagem principal e narrador, em nenhum momento ele é descrito como o herói, ou se faz parecer como tal. Sim, ele busca conter um inimigo, mas seu grande propósito como bruxo e feiticeiro, é expandir seu conhecimento das artes mágicas, acreditando que essa contenção deste mal é o que o proverá.
Quando digo que Gundrun não é descrito, nem se faz parecer com um herói, se deve pelas situações em que o personagem se envolve na trama, pois, mesmo mostrando se importar com seu grupo e sabendo da contribuição que cada um ali pode dar para que essa missão seja realizada com sucesso, o personagem também não abre mão de tomar decisões que podemos facilmente julgá-lo como um anti-herói ou até mesmo um vilão.
Personagens como o meio-orc Morween, a giganta Katta e Tombrood – um personagem curioso, sendo descrito apenas como “uma poça de gosma” – que, por alguma razão me remeteu ao personagem Aldrich, O Devorador de Deuses, de Dark Souls III – trazem essa interação que remete a Comitiva do Anel, onde tínhamos Gandalf, o mago; Aragorn e Boromir, representando os humanos; Sam, Frodo, Pippin e Merry, os Hobbits; Gimli, o anão – e sua relação de amor e ódio com Légolas, o elfo.
E claro, como um bom livro de aventura, boas batalhas não podem faltar. E é aqui que o autor se destaca. Ouso até mesmo dizer que Piaza Merighi consegue fazer uma descrição de batalhas, colocando todo o calor do momento em seu texto, que deixaria Bernard Cornwell – autor das “Crônicas Arthurianas” – orgulhoso de seu trabalho. Mas, mesmo com boas batalhas, o livro parece ter um ritmo mais acelerado, próximo de seu desfecho, mas nada que estrague a experiência do leitor.
Aliás, essa experiência só se intensifica com um final que… Bem, é melhor deixar para que você mesmo descubra.
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