Sobre Laura e seu Shortinho

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Algumas semanas atrás, a Capcom liberou imagens de roupas alternativas para seus personagens em Street Fighter V e a internet brasileira entrou em polvorosa quando a personagem brasileira, Laura Matsuda, foi apresentada munida com um shortinho com, perceptivelmente, um biquíni ou calcinha asa delta por baixo e, para alegria dos povos que colocam os seios como preferência primeira, o top com “Underboob”: um corte de roupa feito para mostrar um pouco dos seios por baixo, uma espécie de decote invertido.

Aí eu me pergunto: onde está o problema? No fundo do cenário, temos três mulheres seminuas em roupas carnavalescas sambando e rebolando e elas estão tão ou mais expostas que a Laura. Quanto alarde foi feito por causa das moças lá atrás? Nenhum! Há quem diga que foi até uma referência justa a nossa cultura. Fez-se mais alarde o fato que a taça da copa esta no lugar do Cristo Redentor no cenário do que as três moças seminuas, o que, se me permitem um parêntese, é uma simbologia brilhante visto que parece ser mais comuns devotos religiosos trocarem de religião, mas não um devoto trocar de time.

Agora, por favor, sigam os passos dos parágrafos seguintes:

1 – Escrevam no Google “Brazilian Women’s” e cliquem em “imagens” e vocês verificarão que é difícil medir a roupa de 90% das moças nas imagens em palmos. Se vocês quiserem as nacionalidades das outras mulheres do jogo, troquem o “Brazilian” por “Chinese”, “Britain”, “Japan” e verifiquem as moças que aparecem e comparem com suas conterrâneas do game: Chun-li, Cammy, R.Mika e gravem isso antes de continuar.

2 – Analisem a “cultura da casa” do cenário da Laura, o Funk Carioca, com suas dançarinas e cantoras que definitivamente não são conhecidas pelo linguajar de dama, trajes puritanos e dança recatada (alias o shortinho das dançarinas é bem parecido com o da Laura).

3 –Pensemos também: estamos às vésperas do Carnaval enquanto escrevo este texto e em alguns dias será possível ver as mulheres com pinturas pelos corpos com um objeto introduzido na vagina, chamado Tapa-Sexo (embora tenha alguns diferentes mas não menos “moralmente aceitáveis”), que só tapa o sexo vaginal, pois o “bundal” treme e sacode tanto que a escala Richter deveria ser usada para qualificar a qualidade da “chacoalhança”. O oral é só sorrisos. Aliás, o carnaval do Rio de Janeiro é o mais conhecido do mundo, não? Carioca né, tipo, bem, am… o cenário da Laura!

4 – Pensemos que a Laura está é um local quente, litorâneo, com gente em trajes de banho indo pra lá e pra cá.

5 – Por fim: Os desenvolvedores passaram nos países para pegar inspiração nas vestimentas e estereótipos de cada nacionalidade e coloca-la in game.

Pensemos um pouco sobre nestes 5 pontos antes de continuar lendo.

Ser sensual e sexual é cultural do país da Laura (o nosso), fato, e não vou desenvolver se isso é ou não um problema. Outros pontos da nossa cultura foram também levantados tipo no modo história da Laura tem direito até a ida dela a uma churrascaria junto com o Birdie. Mas se está preocupado(a) em como os estrangeiros veem as nossas mulheres, seja primeiro de tudo, sincero e aceite que não precisamos de personagens de vídeo game para expor nossas meninas como “alvo de punheta gringa”; as da vida real já fazem muito bem isso seja por questão cultural ou pelo simples fato que a cidade onde a Laura está é geralmente quente, litorânea com a principal festa do pais cheio de libertinagem.

Um outro ponto que também vale ressaltar é: SFV está sexualizando muito as mulheres do game. Ponto. Simples assim. Quer você seja a favor ou contra isso, essa é a verdade. Eu diria que até eles estão sendo mais sinceros nessa versão, pois agora é escancarado. Quase todas as roupas das moças foram idealizadas para deixar vários centímetros de pele à mostra, e não, exclusivamente, a Laura Matsuda (que convenhamos em sua roupa padrão não precisava de um “ressalto na bunda” e um decote pra deixar qualquer apreciador de mulheres torcendo pelo desate do nó). Vamos analisar a coisa por personagem:

1 – Se em SFII a gurizada ficava empolgada com a calcinha da Chun Li, até o beta, ela é bem mostrada no seu ataque especial, claramente, em todo o seu esplendor “paudurescente” pra não deixar dúvidas ou pintos moles,.

2 – Rainbow Mika, cujo tema sempre foi uma Westiling que usa sua bunda como arma principal, agora tem até uma colega para ajuda-la a espremer a cabeça do adversário entre duas bundas (eu ouvi “Meu Sonho” por aí?), fora que ela dá um tapa em sua nela própria antes de começar a cena toda.

3 – Cammy, a ex-escrava sexual do Bison, já foi exposta de tudo o que é jeito: a roupa mais recente dela faz parecer que ela esqueceu de vestir as calças e eu acredito que mudando o ângulo da câmera é possível, no meio do seu especial, fazer um exame completo no útero.

Chinesa, Japonesa, Britânica. Ah sim, ia esquecendo: temos o retorno da Karin e pouco vi dela, mas parece que resolveram colocar mais “cobertura” por razões que eu ainda não saquei. Mas no geral, em um contexto onde a maioria das mulheres estão “a mostra”, acreditam mesmo que a Laura deveria se apresentar na “Terra Brasilis” com um recatado kimono de lutador de Jiujitsu sem um pingo de sensualidade? Sério?

No fim, não vou aqui entrar nos méritos nas questões de feminismo e objetificação feminina nem masculinismo, nem nada do tipo. Cada um com suas coerências e contradições. O ponto é que é bom a gente parar de ser hipócrita e querer pagar de santo quando nós não somos. As principais manifestações culturais e que mais chamam a atenção do exterior é relacionado à sensualidade e sexualidade e se existe um mal sendo propagado, com certeza não é o pessoal do desenvolvimento do game que “ta de sacanagi”. Não é reforço algum de “imagem sexual”: eles só fizeram “eco” a nossa “voz”.

Ps: Ah e só lembrando: não importa a quantidade de roupa que se coloque numa personagem, a internet dá um jeito de tirar e colocar a personagem em situações sexuais de deixar a maioria das atrizes pornô com vergonha.

Ps2: Podem cobrir o que quiser: enquanto houver cabeças imaginando, haverá punhetas!

Este texto foi enviado em colaboração por Rogério Fretas Rosa.