Loading encerra sua programação original e pode dar espaço para TV Jovem Pan

Na tarde desta quinta-feira (27), os funcionários do canal Loading – um dos mais bem-sucedidos canais de entretenimento sobre games, animes, e-sports e cultura pop em geral – receberam a notícia de que a programação original estava encerrada.

A decisão, segundo Anderson Abraços, um dos executivos por trás do projeto, foi tomada após a Kalunga, principal financiadora do canal, decidir encerrar sua participação no investimento.

Até o momento, a Loading não se pronunciou sobre o caso oficialmente. Apenas alguns portais e os próprios funcionários, através de suas redes sociais particulares, se manifestaram sobre o caso. Fernanda Pineda, uma das apresentadoras, utilizou seu Twitter para falar um pouco sobre o fim do canal e recordar bons momentos que teve ao lado dos colegas.

Bruna Penilhas, apresentadora do programa Gameshark, também utilizou a rede social para expressar sua tristeza com o fim do projeto.  E disse ainda “Eventualmente volto aqui para falar um pouco mais”.

Diversas manifestações de solidariedade com os afetados pelo fechamento do canal – que vale destacar, estava no ar pouco mais de 6 meses – foram feitas nas redes sociais, oferecendo apoio, novas oportunidades de trabalho e até consultoria jurídica de graça para os ex-funcionários.

Vale lembrar que em dezembro de 2020, uma demissão em massa de jornalistas foi realizada, após discordâncias entre a equipe do programa Metagaming com a direção do canal. Os ex-funcionários alegaram censura, pós uma matéria ter ido ao ar criticando uma empresa desenvolvedora parceira do canal.

O NaTelinha, do UOL Notícias, tentou contato com a assessoria de imprensa do canal, mas até o momento, não obteve resposta.

Um ponto interessante sobre esse caso foi abordado na coluna do jornalista Flávio Ricco, do R7. Segundo ele, o presidente e CEO do grupo Jovem Pan, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, conhecido como Tutinha, iniciou uma negociação para a utilização do canal 32 UHF, que pertence atualmente ao Loading, com o intuito de instaurar a TV JP, trazendo todo o conteúdo produzido para rádio e streaming da Jovem Pan para a televisão, além de outras produções próprias. De acordo com Ricco, tudo foi feito em “uma parceria. Sem compra”.

Segundo colunista do R7, canal 32UHF que transmitia o sinal do Loading pode ser usado para nova programação do grupo Jovem Pan. – Imagem: Reprodução.


A nós do Salvando Nerd, resta apenas desejar que novas oportunidades surjam para os ex-funcionários da equipe e nos solidarizamos com o trágico fim de um projeto tão promissor, recheado de profissionais do mais alto nível.

O que ainda está muito turvo é a maneira como tudo ocorreu. A notícia sobre o fim das atividades da Loading ocorreu nesta quinta-feira (27), ás 17h, sem qualquer aviso prévio, sem preparar todos os envolvidos para o que estava para acontecer.  Há vários pontos que precisam ser esclarecidos, mas talvez por ética ou pelo simples choque de perder seus empregos de forma repentina, ainda não houve nenhum esclarecimento sobre a situação de forma mais detalhada.

O que de fato me revolta, é que várias pessoas envolvidas nesse projeto tão promissor não foram valorizadas. Nem me atrevo a citar nomes específicos, por que seria injusto caso esquecesse de alguém, mas cada um que participou, que se doou pra que esse projeto não fosse mais um, mas O GRANDE projeto de cultura pop na TV aberta, foi extremamente desrespeitado enquanto profissional de comunicação.
O fim da Loading é o fim de um ciclo. Quem estava lá, ativamente, fazendo o que gosta, dando seu melhor para levar informação e entretenimento de forma profissional, será lembrado e terá novas e grandes oportunidades. O mesmo não pode ser dito daqueles que geriram o canal. Que calaram jornalistas por que “incomoda os patrocinadores”. Que não tiveram a sensibilidade em lidar com vidas, mas que se compadeceram de um bolso (meio) vazio. O seus próprios bolsos, no caso.

Perder a Loading é perder um Megazord de bons comunicadores que são apaixonados pelo que fazem e que juntos, tornaram a coisa maior. É perder a chance de criar um público consciente e engajado. É perder a oportunidade de mostrar que games, animes e afins não são apenas produtos oriundos do capitalismo, mas uma cultura que gera pontos de vista críticos e uma reflexão dentro daquilo que está sendo mostrado de maneira muitas vezes artística e interativa.

Nós perdemos. Mas pra que isso ocorra, sempre há alguém que ganha. A grande pergunta é: quem?