Conheça Osamu Tezuka, o pai do mangá moderno

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Muitos mangás não são conhecidos do público do ocidente. Muitos autores, tampouco.  Devido à dificuldade de tradução e apenas recente popularização na publicação de mangás aqui no Brasil, o trabalho de Osamu Tezuka é pouco conhecido da maioria dos brasileiros. Tezuka foi um dos primeiros grandes mestres – sendo um grande influenciador. Para se ter ideia (explicaremos adiante) até mesmo o sucesso da Disney, O Rei Leão, teve influências de seu trabalho.

Escritor, desenhista, médico, ator e pianista – essas são algumas de suas habilidades. Tezuka não inventou os mangás no Japão – contudo, pode ser dito que ele popularizou o gênero em terras nipônicas. Seu desenho é sempre claro, simples – mas objetivo e com enquadramento cinematográfico. Para se ter ideia de como ele foi importante e produtivo, Tezuka teve em sua obra cerca de 400 volumes – o que totaliza cerca de 80 mil páginas. Como dito acima na introdução, boa parte dessa obra sequer chegou a ser traduzida do original japonês.  Pensando nisso, vamos lembrar aqui três obras do autor – uma, Astro Boy, com certeza você conhece. As Outras duas não são todos que vão lembrar de imediato. Vamos lá?

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Astro Boy

Com certeza o trabalho mais conhecido de Tezuka no ocidente, Astro Boy é a sequência (um spin off) de outra obra, Captain Atom. No início da década de 1960 (em 1963, para ser mais exato), Astro Boy marca a estreia do primeiro anime em televisão japonesa (e por tabela, no mundo). Ou seja, foi o primeiro programa comercial animado no Japão – em trinta minutos como os outros até hoje o são e semanalmente.

 Astro Boy é reputado como o principal responsável pela primeira mania de animes no Japão – de toda sorte, vale lembrar que no Brasil a única versão exibida foi a de 2003, não a original da década de 1960, quando Tezuka ainda estava vivo. Aliás, aqui no Brasil você deve se lembrar de “O Menino Biônico” nos anos 1980 – esta não é a série original, mas, sim outra que não tem relação direta com o trabalho de Tezuka.

Para você que nunca assistiu Astro Boy trata de um mundo futurístico no qual androides – ou seja, robôs com aparência humana – convivem com nós, seres humanos. O objeto do anime (e anteriormente, manga) é um robô/androide chamado “Atom”. Bastante poderoso, ele foi criado por Dr Tenma para substituir em sua vida um filho perdido por acidente. O clímax do enredo se dá de maneira que Atom não pode substituir integralmente um ser humano – porque não podia crescer, por exemplo. É um dos trabalhos mais marcantes de Tezuka sem sombra de dúvidas. Se você não tiver paciência para ver uma série inteira, lembramos que há um filme, de 2009 com Nicolas Cage.

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Black Jack

Este é bem pouco conhecido no Brasil, sobretudo porque a versão em anime apenas passou no finado canal Animax. Também não tem a ver com o jogo de cartas blackjack, mas sim um trocadilho com o nome do jogo – com o personagem se chamando Jack e o Black de “sombrio”.

De fato o é. A obra conta a história de um médico que trabalha sem registro no conselho de medicina (ou seja lá qual for a instituição compatível que expede licença para médicos no Japão). O interessante é que o autor é médico de formação mas nunca a exerceu – talvez por isso faça sentido o interesse dele pelo assunto aqui.

Em suma, é como se Black Jack fosse um médico do mercado negro – trata de casos que são complicados e arruma soluções quase que sobrenaturais para tanto. Hm, será que a série americana House foi inspirado nele? Não dá para saber. Mas a próxima obra que vamos lembrar tem mais chances de ter inspirado um trabalho ocidental.

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Kimba, the White Lion

Um dos primeiros animes transmitidos no Brasil – pela Tv Tupi, e a primeira animação japonesa produzida em cores, ainda nos anos 1960. Estamos falando de Kimba, um pequeno e fofo leão branco. A história trata da missão de Kimba em suceder seu pai após fugir de seu habitat – o pai fora morto por caçadores.

Parece familiar? Pois é. Muitas pessoas apontam que O Rei Leão, animação dos anos 1990 da Disney, teve vários conceitos plagiados da aventura imaginada por Tezuka. De fato há algumas semelhanças, a começar pelo nome dos protagonistas (Kimba na versão de Tezuka e Simba na versão da Disney). Além disso, o enredo trata do pequeno leão tendo que suceder seu pai – embora em O Rei Leão o pai, Mufasa, tenha sido morto por outro leão e não por caçadores humanos. De toda forma, quando Kimba volta à selva depois do exílio, o Rei Bobo não fica nada feliz em saber que o herdeiro legítimo voltou – soa um tanto quanto familiar com a raiva de Scar, de fato.

Não vamos entrar em polêmicas, até porque Tezuka nem era mais vivo quando a animação da Disney foi feita. Poderíamos ficar até amanhã contando várias obras de Tezuka aqui. De fato ele foi um dos responsáveis pelos animes e mangás serem populares como são hoje. Como você viu, o primeiro anime da TV japonesa é de sua autoria. O primeiro colorido, idem. A visão criativa de Osamu é extensa através de outras obras: existe até mesmo uma satirizando o ditador alemão Adolf Hitler. Desde sua primeira em 1946 com O diário de Ma-chan até outras exibidas no Brasil (Don Drácula e Visitantes do Espaço, para citar alguns exemplos), a influência do autor é absurdamente extensa e vários conceitos criados por ele ainda estão presentes em diversos mangás e animes japoneses. Não a toa ele é conhecido por “O Pai do Mangá Moderno”.