Artistas de Belo Horizonte se organizam para defender o FIQ

Vinícius Vidal Rosa

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Na última quarta-feira (5/4), ocorreu audiência pública da Comissão de Orçamento e Finanças Públicas para a construção da programação orçamentária da Fundação Municipal de Cultura. Dentre as atividades contempladas não estão inclusos alguns eventos tradicionais da cidade como o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), maior evento do gênero do Brasil e que completa 20 anos em 2017. O tema gerou comoção e revolta entre entusiastas e a comunidade artística da cidade.

Quando a informação chegou ao conhecimento público, o tema entrou em pauta nas redes sociais. Sem a perspectiva de orçamento previsto, o grande temor é que eles não aconteçam e, posteriormente, sejam extintos. Em busca de diálogo sobre o tema, um grupo de artistas locais se organizou e prepara ações políticas e de sensibilização em prol de gerar uma maior debater sobre o tema.

Após a grande repercussão da notícia nas redes sociais, fizemos uma convocação e promovemos um debate. Foram levantadas uma ampla diversidade de assuntos, questionamentos e conclusões de grande importância. O grupo definiu ações de manifesto e a construção de uma estratégia conjunta. Estamos acompanhando o que acontece no campo político da cultura da cidade, que anda passando por um período de transição neste momento, para definir nossa melhor estratégia de ação.”, destaca o porta-voz do grupo, o ilustrador Régis Luiz.

Dentre as iniciativas dos artistas estão previstas novas mobilizações nas redes sociais, um vídeo com depoimentos sobre a importância do FIQ para o mercado de quadrinhos (que tem campanha aberta no site Vakinha), a busca pelo apoio de empresas e um levantamento de informações históricas relativas aos eventos. O grupo também se prepara contatos políticos com a fundação, vereadores e o prefeito, Alexandre Kalil, em busca de soluções.

O FIQ é um grande estímulo para produção e consumo de cultura e quadrinhos na cidade na cidade. Movimenta a economia, o turismo e a educação. O que está acontecendo é reflexo de um problema amplo. Entendemos essas circunstâncias. Mas queremos promover um diálogo amplo e verificar todas as possibilidades para a realização do evento.”, explica o ilustrador.

Conforme divulgado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte em seu site oficial, foi estabelecido na Lei do Orçamento Anual (LOA) para 2017, a previsão de recursos para a cultura seria de R$ 62 milhões à fundação e outros R$ 12 milhões destinados ao Fundo de Projetos Culturais (FPC). No entanto, o investimento real na pasta não deve chegar à metade desse montante. A expectativa para o ano deve ser em torno de R$ 31 milhões destinados à FMC (orçamento geral) e R$ 5 milhões ao FPC (financiamento de ações culturais e artísticas a partir de editais públicos). Deste total, a fundação deve investir grande parte em sua estrutura administrativa e pessoal, reservando pouco mais de R$ 7 milhões para as atividades finalísticas da pasta.

Ao mesmo tempo, o diretor da FMC, Leônidas Oliveira, pediu exoneração do cargo na mesma data em que o orçamento foi divulgado (05/04). Ele estava no cargo desde 2012 e teria deixado o cargo para se dedicar a um pós-doutorado fora do país. A PBH informou que o prefeito ainda estuda um nome e deve anunciar o substituto esta semana. A situação aumenta a tensão levantando dúvidas sobre o futuro da pasta.

Em entrevista concedida ao Jornal Estado de Minas, no dia 6 de abril, Leônidas disse que se preocupa com a condução dos projetos iniciados na sua gestão por conta da falta de verba. “Não temos um orçamento específico na fundação para a gestão dos projetos. Faltam equipamentos, faltam recursos”, afirmou.

Ainda sobre o caso, o jornal mineiro O Tempo, realizou uma entrevista com o atual prefeito da capital de Minas Gerais, Alexandre Kalil, sobre a falta dos eventos no calendário cultural da cidade.
A matéria completa, pode ser lida aqui.

O site especializado em Quadrinhos “Melhores do Mundo“, disponibilizou em seu site um dossiê, que aponta com mais detalhes, dados do orçamento da Fundação Municipal de Cultura entre os anos de 2012 e 2017, inclusive constando o valor de repasse de verba da prefeitura para que tais eventos ocorressem na cidade. Mais detalhes, é só clicar aqui e dar uma conferida no documento apurado.

Além disso, o Melhores do Mundo iniciou uma campanha com a hashtag#FICAFIQ“, em que mobilizou alguns dos principais nomes do quadrinho independente nacional, e até alguns outros colegas de outros sites que fazem a cobertura do evento. No vídeo abaixo, você confere um pouco mais:


Fiquem ligados para mais detalhes sobre o caso.

Texto enviado por Igor Marques de forma colaborativa.
Fonte: Melhores do Mundo / O Tempo